O site da República Tcheca Muzikus.cz entrevistou recentemente o
ex-baixista do METALLICA, VOIVOD e FLOTSAM AND JETSAM, atualmente frontman do NEWSTED,
Jason Newsted.
Falando sobre sua decisão de sair do METALLICA em 2001, Jason disse:
"Eu não sei se isso é egoísmo, e podem interpretar como quiserem, ou
talvez seja egocentrismo – não sei ao certo – mas eu realmente acho que eu
salvei o METALLICA em 1986, por ter sido a escolha certa para substituir o
falecido baixista do METALLICA, Cliff Burton e ser capaz de aguentar todas as
asneiras dos outros caras da banda... e aguentar tudo que havia de bom, também.
Eu também salvei a banda deles 12 anos depois ao me retirar e deixa-los
prosseguir da forma que eles queriam".
"Eu não conseguia mais estar em sintonia com eles; eles estavam
ficando tempo demais longe da banda. Nós estávamos sem tocar há meses a fio no
momento em que tomei a decisão e convoquei a reunião para conversar com eles.
Havia distrações demais que impediam de tocar metal e eu não aguentava mais. Eu
estava ocupado com meu outro projeto – eu já tinha começado a gravar. Eu já
estava seguindo em frente com outro projeto com o qual ia fazer um lançamento
mundial, porque eles não passavam tempo nenhum tocando música".
Ele continuou: "É ótimo passar um tempo com sua família, e é ótimo
fazer todas essas coisas, mas o METALLICA ainda é uma prioridade e sempre foi
uma prioridade para mim. E eu acho que, com o tempo, ele deixou de ser uma
prioridade para eles. Sempre foi, e minha banda ainda é nesse momento minha
prioridade – mesmo tendo outras coisas acontecendo, ainda é o que eu coloco em
primeiro lugar. E todos a meu redor, ninguém no meu círculo de relacionamentos,
como minha esposa, ou quem quer que seja, sabem que é isso que está em primeiro
lugar. E eu sempre coloquei o METALLICA em primeiro lugar. Quando os caras
pararam de colocar ele na frente o tempo todo – como costumávamos fazer juntos
– isso mudou as coisas para mim. Eles não conseguiam dedicar a mesma quantidade
de tempo para tocar em alto e bom som e se lembrar por que estávamos fazendo
aquilo".
"Quando tocávamos alto juntos, isso transcendia tudo – todo o resto
do mundo sumia, todos os problemas, toda porcaria. Quando aumentávamos o
volume, nada existia além de nosso poder".
"Em agosto de 2000, quando paramos de tocar ao vivo, o James
[Hetfield, guitarrista/vocalista METALLICA] se lesionou — ele não conseguia ser
o mesmo guitarrista, ele tinha de colocar sua guitarra de forma diferente, ele
não conseguia ficar diante do microfone do mesmo jeito, era uma abordagem
diferente das coisas. Ele não gastava muito tempo com música por causa da vida,
e eu entendo isso – e eu não tenho nada contra isso. Mas se você está
comprometido a conseguir algo, essa coisa grandiosa pra caramba pela qual
trabalhamos tão duro para que fosse uma prioridade, se de repente outras coisas
se tornam mais importantes que isso, eu não aguento. Tem de ser a prioridade o
tempo todo. E era para mim, mas não era para eles. Naquela altura, naquele
ponto em nossas carreiras, eu tive de recuar, porque eu tinha coisas a fazer;
eu tinha música para tocar e partilhar com as pessoas, e eles tinham uma visão
diferente de como iam lidar com as coisas naquele ponto".
"O James estava passando por sérios problemas emocionais e com
alcoolismo, e eu sabia disso. E eu tive de recuar. E quando recuei, acredito
que foi o catalisador para que ele compreendesse que havia problemas. Porque eu sempre fui irmão
dele. Nos camarins, o Kirk [Hammett, guitarra] e o Lars
[Ulrich, bateria sempre dividiam um camarim e James e o Jason dividiam o outro
– por anos. Éramos irmãos. Tínhamos a
mesma mentalidade. Gostávamos de caminhões, de armas de fogo, de ficar
ao ar livre, das montanhas. Éramos pessoas com a mesma mentalidade. Éramos
irmãos – irmãos bem unidos, desse jeito. Quero dizer, minha família acolheu o
James como se parte dela fosse. Minha mãe mandava... minha mãe provavelmente
ainda manda cartões de aniversário para ele. Éramos tão próximos assim. Então
quando surge esse tipo de situação em que você não tem mais o mesmo
comprometimento, posso até ter interpretado mal, mas nós não estávamos
comprometidos da mesma forma como no passado, e eu não sentia mais isso; não
estava certo. E eu estava bem ferrado por causa de algumas substâncias naquele
momento também. Então ninguém estava com a cabeça no lugar".
"Devíamos ter feito algo… Como o Lars disse há um tempo, nós não
tomamos nenhum tempo para avaliar a estabilidade mental dos membros da banda e
dos indivíduos. Após tanto trabalho duro e de ficar longe de caso por 10 anos,
chegando no limite para ser a maior coisa que já existiu, nós esquecemos de
todo o resto. E isso deixa as pessoas instáveis. E se nós parássemos e
realmente discutíssemos os problemas psicológicos das pessoas... e eu estava
viciado em analgésicos e o James vivia bêbado... Era uma confusão. Se nós tivéssemos
discutido isso como pessoas ao invés de trazer alguém de fora, então
provavelmente teríamos conseguido resolver. Mas por causa do que aconteceu, e o
que se sucedeu, e os produtores trouxeram uma pessoa de fora para tentar dar um
jeito, e todo esse tipo de bobagem, eu não ia fazer parte disso".